De acordo com as projeções avançadas pelo eMarketer, o mercado do retalho chinês ultrapassará o seu “congénere” dos EUA já em 2020, depois de este manter a liderança no ranking como maior mercado retalhista do mundo no último século.
Os autores da análise referem que, “embora a China estivesse inevitável e brevemente no caminho de reivindicar essa liderança aos EUA, não esperávamos que o ponto de transição chegasse já em 2020”.
No entanto, devido à pandemia global e seus impactos variáveis em diferentes mercados, as linhas de tendência mudaram. Espera-se que a economia dos EUA e respetivas taxas de consumo sejam impactadas mais negativamente que as da China. Assim, a eMarketer projeta vendas superiores a cinco biliões de dólares (cerca de 4,4 biliões de euros) no retalho chinês para 2020, em comparação com os EUA que não chegarão à marca dos cinco biliões de dólares, ficando-se pelos 4,9 biliões, ou seja, 4,3 biliões de euros.
Curiosamente, a estimativa de médio prazo do eMarketer para a recuperação dos EUA mostra que o país recuperará a primeira posição número em 2021 e 2022, para perdê-la em 2023 para a China que, provavelmente, permanecerá por no topo do ranking ao longo de várias décadas.
As vendas no retalho da China tiveram um aumento de 7,9%, em 2019, mas esse foi um crescimento relativamente lento para os padrões recentes da China. A guerra comercial EUA-China e a economia organicamente lenta da China levaram a reduções generalizadas na maioria das categorias. O país está no estágio final de um amadurecimento económico que impede as altas taxas de crescimento dos últimos anos, independentemente das políticas. No entanto, as potenciais taxas de crescimento para o consumo e vendas no retalho ainda são mais altas do que as antecipadas para os EUA e outros grandes mercados que, em 2020, verão as vendas devastadas pela pandemia. Isso deixa a China em posição de recuperar algum grau de desempenho de destaque quando a pandemia desaparecer.
Ethan Cramer-Flood, analista do eMarketer e da Insider Intelligence, admite, contudo, que fatores internacionais podem atrasar a recuperação da China. “A China tem uma economia profundamente dependente do comércio, da globalização, do investimento transfronteiriço e do desempenho de outras grandes economias do mundo e isso terá um papel fundamental no seu crescimento”.