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Economia

Banco de Portugal estima queda do PIB em 3,7% para 2020

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O Banco de Portugal (BdP), no seu boletim económico referente ao mês de março de 2020, traça dois cenários para a economia portuguesa devido à atual realidade vivida com o COVID-19: base e adverso.

No primeiro caso, cenário adverso, o BdP estima uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) real em 2020 de 3,7%, admitindo que a “atividade económica contrai-se na primeira metade do ano – com uma queda especialmente marcada no segundo trimestre – e retoma uma trajetória de crescimento apenas no final do ano”.

A instituições liderada por Carlos Costa adverte ainda que o impacto económico da pandemia tem em conta os “efeitos decorrentes de disrupções nas cadeias de fornecimento globais, da persistência de elevada incerteza e das perturbações nos mercados financeiros internacionais, bem como a perda de capital instalado nas várias economias”. Neste cenário base, assume-se que as medidas adotadas pelas autoridades económicas são “bem-sucedidas” na contenção dos danos sobre a economia.

Nos anos seguintes, a economia apresenta um crescimento relativamente fraco em 2021 (0,7%), recuperando mais notoriamente em 2022 (3,1%), admite o BdP neste cenário “mais brando”.

 

O Banco de Portugal adverte ainda que o impacto da crise tem uma natureza “muito persistente”, não se observando um retorno do nível do PIB à trajetória projetada em dezembro de 2019 (no final do horizonte, o nível do PIB situa-se cerca de 4,5% abaixo do projetado no anterior Boletim).

No que diz respeito à taxa de desemprego, esta interrompe, segundo o BdP, a tendência de redução dos últimos anos, aumentando para 10,1% em 2020 e reduzindo-se muito gradualmente ao longo de 2021-22.

Esta evolução do desemprego depende “criticamente da configuração e magnitude das medidas de apoio às empresas e famílias que serão implementadas no imediato, de forma a mitigar a destruição da capacidade instalada na economia que inevitavelmente decorrerá durante a pandemia”, refere o BdP no seu boletim.

O saldo da balança corrente e de capital mantém-se “excedentário ao longo do horizonte de projeção”, beneficiando do ganho de termos de troca proporcionado pela queda do preço do petróleo.

 

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Recessão e desemprego

Já a “incerteza” relativa à projeção da inflação é “acentuada pela natureza do choque”, com incidência sobre a procura e a oferta agregadas e envolvendo uma alteração significativa de preços relativos. Assume-se que prevalece algum efeito descendente sobre os preços, implicando que a taxa de inflação permanece em níveis baixos ao longo de todo o horizonte de projeção.

No cenário adverso, assume-se que o impacto económico da pandemia a nível mundial é “mais significativo”. Verifica-se uma “paralisação mais prolongada da atividade económica em vários países, o que se traduz em maior destruição de capital e perda de emprego”, refere o Banco de Portugal.

 

O alargamento do número de economias afetadas pela pandemia gera “maiores disrupções das cadeias de valor globais e reforça os já elevados níveis de incerteza”. Consequentemente, o cenário adverso tem implícita uma maior turbulência dos mercados financeiros, apenas parcialmente mitigada pela ação das políticas económicas.

Nestas condições, a economia portuguesa sofre uma recessão mais profunda, com o PIB a reduzir-se 5,7% em 2020. Nos anos seguintes, a atividade económica recupera, apresentando um ritmo de crescimento acima do estimado no cenário anterior.

Comparativamente ao cenário base, a taxa de desemprego aumenta “mais marcadamente” em 2020 e, não obstante a redução esperada nos anos seguintes, mantém-se em níveis superiores.

 

Relativamente à balança corrente e de capital, o Banco de Portugal projeta “excedentes de magnitude similar aos do cenário anterior”. No cenário adverso, a taxa de inflação situa-se próxima de zero em 2020 e aumenta ligeiramente nos anos seguintes, mantendo níveis mais baixos do que no cenário base.

 

Mundo cai, mas menos do que Portugal

A nível internacional, no cenário base, o PIB mundial cai 1,8% em 2020, com diversas economias a registarem uma recessão, incluindo a área do euro, estima o BdP, assumindo que “o impacto máximo do choque ocorra no segundo trimestre de 2020”, observando-se uma gradual normalização da atividade económica global a partir do final do ano, suportada pelas medidas de política económica anunciadas e pela estabilização dos mercados financeiros.

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Deste modo, o PIB mundial cresce 2,5%, em 2021, e 4%, em 2022. O comércio mundial reduz-se significativamente em 2020 (-10,3%) – refletindo um choque que afeta desproporcionalmente os fluxos internacionais de bens e serviços (nestes últimos, destacam-se o turismo e os transportes) – e recupera nos anos seguintes em linha com a evolução da atividade.

No entanto, os efeitos da pandemia poderão revelar-se “mais significativos, em particular os decorrentes de disrupções nas cadeias de valor a nível global e da incerteza elevada”, diz o BdP. O maior nível de destruição de capacidade produtiva instalada tem fortes repercussões na situação financeira das famílias e das empresas, justificando as recentes medidas orçamentais e monetárias anunciadas em inúmeras jurisdições.

Assim, o cenário adverso assume um impacto económico da pandemia bastante mais marcado, com uma recessão económica a nível mundial, de magnitude muito superior à da grande recessão de 2009. Neste cenário, o PIB mundial cai 4,6% em 2020, enquanto a queda no comércio internacional ascende a quase 17%. Em 2021-22, a atividade mundial e o comércio recuperam, mantendo taxas de crescimento próximas das estimadas no cenário base no primeiro caso e ligeiramente acima no segundo.

 

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