Foi esta quinta-feira (12 de dezembro), durante a apresentação da sua ‘Visão Estratégica 2019-2022’, que a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) anunciou ter pedido a mediação para a negociação do Contrato Coletivo de Trabalho.
De acordo com a APED, “a indisponibilidade negocial dos sindicatos e a pouca razoabilidade das propostas sindicais torna difícil o diálogo”, uma posição que levou a associação a pedir ao Ministério do Trabalho a mediação do Contrato Coletivo de Trabalho para o setor.
“Depois de 20 meses de processo de conciliação, a APED considera que a posição das associações sindicais dificulta a continuidade das negociações. A falta de razoabilidade das propostas sindicais, nomeadamente a mais recente apresentada pelos sindicatos ligados à CGTP e onde se propunham aumentos salariais da ordem dos 20%, torna difícil um entendimento com os sindicatos. Esta situação levou a APED a pedir o processo de mediação. A APED mantém-se disponível para dialogar e ao longo do processo negocial alterou sucessivamente a sua proposta de revisão do Contrato, sempre numa perspetiva de aproximação à proteção dos interesses dos trabalhadores, entre os quais se conta a conciliação entre a vida profissional e familiar”, sublinha a associação que representa as empresas de distribuição em Portugal.
O diálogo com os restantes atores da cadeia de valor será, aliás, um dos focos da associação para os próximos anos. Isabel Barros, Presidente da Direção da APED para o próximo mandato, que se iniciou em abril deste ano, defendeu, em declarações à DISTRIBUIÇÃO HOJE, que o setor da distribuição “vive atento às transformações e exigências, a todos os níveis” e pretende “reforçar a sua abertura para os próximos anos para que o diálogo entre todos os intervenientes, associados e restantes agentes, seja contínuo e dê frutos.”
No âmbito da estratégia agora apresentada, e que será implementada até 2022, a APED reforça o foco em quatro grandes eixos estratégicos: as pessoas (monitorização do emprego, atratividade do setorial, e promoção da igualdade e inclusão); a economia do futuro (inovação e empreendedorismo, digitalização, planeamento estratégico e crescimento orgânico, ‘governance’ na cadeia de valor, regulação, estudos e ‘business intelligence’); e sustentabilidade (descabornização e economia circular, campanhas públicas).
“Eu acho que se queremos ser um ator de transformação temos de estar abertos e temos de ouvir e acho que foi isso que fizemos hoje aqui [na conferência de apresentação da Visão Estratégica 2019-2022]. É assim que vamos estar neste mandato. Ouvir, refletir e discutir. Esta triangulação entre a nossa associação, entre as diferentes instituições e o Governo é sempre muito salutar”, revelou ainda Isabel Barros à DISTRIBUIÇÃO HOJE.
Distribuição é “um setor muito à frente do tempo”
Também o secretário de Estado do Comércio, Serviços e Defesa do Consumidor, João Torres, que marcou presença no evento, sublinhou a necessidade de aumentar a produtividade, potenciar o capital humano e acelerar todos os processos de inovação. “Uma tríade virtuosa em que o Governo está a trabalhar, num diálogo onde a APED tem lugar de destaque”, afirmou.
O secretário de Estado disse ainda que o setor da distribuição é hoje “uma razão de orgulho para o País” sobretudo porque “está sempre um passo à frente do seu tempo”, uma mostra da capacidade destas empresas para responder aos desafios que o mundo atravessa. João Torres destacou ainda o associativismo empresarial, que considera uma “peça fundamental” para a discussão das políticas, “porque estão no terreno e no quotidiano têm de encontrar soluções”.
Em conjunto, os 136 associados da APED contam com mais de 4000 lojas em todo o País e cerca de 130 mil colaboradores e criaram, nos últimos quatro anos, 20 mil novos postos de trabalho. Além disso, o volume de negócios destas empresas corresponde a cerca de 11% do PIB nacional.
Saiba mais sobre os eixos de ação da APED para o período 2019-2022 na próxima edição da DISTRIBUIÇÃO HOJE