Depois de sofrer diversas “acusações” por parte da Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR), a Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) vem refutar cada uma delas com números e factos com um gráfico, a que a DISTRIBUIÇÃO HOJE teve acesso e que circula nas redes sociais.
Assim, em oito pontos, a APCC começa por contradizer a narrativa de que os centros comerciais são detidos por grandes fundos, mostrando que os fundos são minoritários. Pelos números apresentados pela APCC, somente 39% dos centros comerciais são detidos por fundos internacionais.
Outra das acusações feita e agora desmentida é a de que os centros comerciais não apoiariam os lojistas. Ora, neste particular a associação que representa mais de 90% da área bruta locável total existente em Portugal e cujos centros integram 8.600 lojas, mostram que, se na anterior crise, entre 2009 e 2013, os apoios ascenderam a cerca de 400 milhões de euros, na atual crise, os centros comerciais já apoiaram os lojistas com mais de 305 milhões de euros, perspetivando-se que poderá chegar aos 600 milhões de euros, num momento em que já há mais de 87% de lojas com acordo estabelecido com os proprietários.
Se no terceiro ponto, a “acusação” de que “os centros comerciais são compostos por pequenos lojistas”, mais uma vez os dados e factos contrariam essa narrativa. De acordo com as contas apresentadas pela APCC, 77% dos lojistas presentes nos centros comerciais em Portugal pertencem a grandes grupos.
Os outros pontos que a APCC faz questão de desmentir com dados reais prendem-se com os contratos de utilização que têm prémio sobre vendas; o facto dos proprietários, também eles terem sofrido com a pandemia de COVID-19, realidade que levou, inclusivamente, a desvalorização de, aproximadamente, 70% em bolsa; do peso (mais reduzido) do universo de associados da AMRR; do impacto da eliminação das rendas; e, finalmente, na comparação com outros países que, supostamente, teriam eliminado as rendas fixas e que a APCC diz não ter acontecido, dando como exemplo a Grécia, Polónia, Alemanha e Espanha.
Recorde-se que, depois da aprovação, pelo Parlamento, no âmbito do orçamento suplementar, de um regime excecional para que os lojistas dos centros comerciais paguem apenas a componente variável das rendas, a APCC ter admitido que esta decisão “terá um impacto brutal em toda a cadeia de valor desta indústria e poderá levar centros e lojistas à falência”.
António Sampaio de Mattos, presidente da APCC, afirmou mesmo que “a ingerência do Estado na relação contratual entre dois privados, inédita na União Europeia, terá consequências gravíssimas na reputação de Portugal como país seguro para investir, não só no imobiliário, mas no seu todo, e afastará do mercado português inúmeros investidores estrangeiros, que são essenciais para a retoma da economia”.