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Retalho

AMRR alerta para o risco da perda de 100.000 empregos e 2 MM€ de custos para os contribuintes

Retalho com menor quebra de volume de investimento

A Associação de Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) esteve esta manhã (3 de junho) reunida com a Comissão Parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação (leia aqui a entrevista a Miguel Pina Martins, presidente da AMRR) onde, apresentou um estudo de impacto económico para o emprego e para as receitas do Estado, caso o Parlamento não legisle a questão das rendas dos Centros Comerciais, tal como o fez em regime de exceção com outros contratos.

De acordo com o estudo do impacto económico e social da atual legislação em vigor das rendas nos centros comerciais para os próximos 12 meses, elaborado com os vários dados reais dos lojistas bem como em estimativas de mercado da associação e de algumas empresas de consultoria internacionais, se nada for feito ao nível legislativo, e se se mantiver a posição da maioria dos centros comerciais, a AMRR estima dois cenários de perda, de 20% das receitas e emprego (Cenário A) e de 30% (Cenário B).

 

Recorde-se que os lojistas garantem hoje, nos Centros Comerciais, 125.000 postos de trabalho direto e 250.000 postos indiretos. Neste contexto, o desemprego de funcionários das lojas dos Centros Comerciais, em conjunto com os empregos indiretos nas fábricas e escritórios que suportam a atividade das lojas, poderá chegar a um total de 112.500 pessoas (direto e indireto) num cenário de quebra de 30% (Cenário B).

Como consequência, o custo total para o Estado, incluindo o não recebimento da taxa contributiva para a Segurança Social e IRS durante 18 meses bem como o custo do subsídio de desemprego será de 1,36 mil milhões de euros para o cenário A e 2 mil milhões de euros para o cenário B.

 

O estudo não considera perdas para o Estado da quebra do poder de compra dos desempregados e perda de IRC dos lojistas, prestadores de serviços e fornecedores de lojistas, nem uma eventual segunda pandemia.

No mesmo estudo, analisando os próximos 12 meses sem as rendas justas, as receitas dos senhorios dos Centros Comerciais não sofrerão alterações em ambos os cenários. No cenário A as receitas estimam-se em 1,17 mil milhões de euros e no Cenário B na ordem dos 1,15 mil milhões de euros (apenas menos 1%), enquanto os prejuízos dos lojistas poderão chegar entre 420 milhões de euros no cenário A e 910 milhões de euros no Cenário B.

 

Considerando um cenário de rendas justas, que a associação defende através de várias medidas legislativas, algumas sem impacto para o contribuinte, implicaria as receitas dos proprietários dos Centros Comerciais entre os 960 milhões de euros (cenário A) e os 840 milhões (Cenário B), contra prejuízos dos lojistas de 210 milhões de euros (Cenário A) e prejuízos de 600 milhões (Cenário B).

Miguel Pina Martins, presidente da AMRR, expôs na Comissão Parlamentar de Economia estes cenários, alertando para o facto de “no panorama atual, os lojistas que estiveram fechados durante três meses com 0€ de receita, vão ter já em julho um aumento de 25% das rendas das suas lojas, e uma lotação do seu espaço reduzida a 50%. Significa isto que cada lojista vai faturar menos 50%, mantém todos os seus custos de operação e ainda tem um aumento de renda em 25%. Isto não é justo e põe em risco a sobrevivência das empresas e dos seus colaboradores.”

 

A Associação que representa os lojistas dos setores do retalho e restauração sublinhou a enorme diferença de custos que existem entre os lojistas arrendatários e os senhorios, evidenciando que durante os meses de fecho do comércio os custos médios dos lojistas mantiveram-se, num valor médio calculado de 74 mil euros, não havendo, no entanto, qualquer receita. Por outro lado, os senhorios detentores dos espaços arrendados não tiveram custos extra e mantiveram os seus lucros.

“Por cada funcionário de um Centro Comercial, os lojistas empregam direta e indiretamente 200 funcionários A discrepância destes valores é abismal”, saliente o presidente da AMRR. “Contabilizando outros custos que os lojistas têm, estamos a falar de 175 vezes mais custos para o lojista do que para o senhorio. Significa que, por cada 175.000 euros gastos pelos lojistas, os senhorios gastam apenas 1.000 euros. E repito, nestes tempos, os lojistas estiveram sem receitas. Não estamos a sugerir que seja o Estado a resolver o problema diretamente, ao financiar os lojistas. Estamos a querer encontrar uma solução conjunta para partilha de sacrifícios real e justa, entre lojistas e senhorios”, afirma Miguel Pina Martins.

“Compreendemos que este não é um problema com uma solução fácil e estamos disponíveis para colaborar e reunir para pensarmos, em conjunto, nas diferentes soluções. Para já, é muito importante que consigamos ganhar tempo para podermos abordar a questão das rendas em conjunto e encontrar uma solução que é decisiva para a sobrevivência destas empresas”, conclui Miguel Pina Martins.

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