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“A internacionalização é um eixo crítico para o crescimento do setor do retalho”

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Para muitos ligar o gigante norte-americano da tecnologia ao retalho não vai além da ferramenta de e-mail, do docs ou da drive. Contudo, a Google está a mostrar que possui algumas, senão muitas, ferramentas para o setor do retalho. Sete retalhistas portugueses estão no “Retail Export Accelerator Program” que visa potenciar a internacionalização.

São 10 semanas de programa que pretende levar os retalhistas portugueses além fronteiras. Para já, são sete: programa referem que foram selecionadas sete retalhistas portugueses – Continente, Dott, Hôma, Lion of Porches, Mr. Blue, PCDIGA e Zippy. A intenção, no entanto, é, segundo Nuno Pimenta, Industry Head – Travel, Retail & Startups da Google Portugal, encontrar mais retalhistas “com propostas de valor fortes”.

A Google for Retail lançou, recentemente, o “Retail Export Accelerator Program”. No que consiste este programa e que mais-valias traz a quem adere?

 

O Retail Export Accelerator é um programa de 10 semanas dirigido a retalhistas portugueses que procuram iniciar ou acelerar o seu processo de expansão internacional via digital.

O programa consiste em 8 sessões virtuais de 1 dia inteiro, com especialistas de diferentes áreas que partilham o seu conhecimento sobre como entrar em novos mercados. Adicionalmente, temos speakers externos, workshops e sessões 1:1 para garantir apoio na implementação das recomendações. O grande objetivo é que, no final do programa, cada um dos participantes esteja a vender em pelo menos 1 novo mercado via digital.

 

Porquê o lançamento agora? A atual crise vivida com a pandemia de COVID-19 teve alguma influência?

A expansão internacional e conquista de novos mercados deveria ser um desígnio de todos os players de retalho portugueses, independentemente do contexto. Nesse sentido, este projeto começou a ser planeado ainda antes da pandemia. Com o atual contexto, voltámos ao contato com as empresas selecionadas para perceber se continuavam com interesse no projeto e percebemos que o interesse até tinha sido reforçado pelo que só modificamos para sessões online e avançamos com o projeto.

Ser grande lá fora

 

Que experiências/ensinamentos de outros mercados já possuem e como podem esses conhecimentos ser transpostos para a realidade portuguesa?

A Google trabalha com milhares de empresas na Europa, Médio Oriente e África para ajudá-las a crescer através de formação e ferramentas digitais. Apoiamos a sua expansão internacional ao mesmo tempo que os ajudamos a entender e a medir o potencial do mercado internacional e a alcançar clientes, através das nossas soluções do Google Ads e através da formação gratuita “Grow with Google”. O que estamos a fazer agora é ir mais além e a lançar um programa de aceleração com foco na exportação. Essas empresas são grandes em Portugal e vemos muito potencial para irem mais além.

 

Nós próprios, enquanto Google, temos experiência em expansão internacional. Muitos dos nossos produtos são lançados em diferentes mercados ao longo do tempo, o que implica a priorização de mercados, escalar operações de apoio a clientes em várias línguas, localizar/adaptar os nossos produtos a diferentes contextos ou como garantir que temos os meios de pagamento mais adequados a cada realidade.

Referem que este programa tem como fundamento a internacionalização. De que forma?

Na Google, um dos nossos objetivos é criar valor sustentável para os nossos clientes. Tendo em conta a dimensão do mercado nacional e o potencial das nossas marcas, a internacionalização é um eixo crítico para o crescimento do setor. E refiro-me, principalmente, à via digital já que é não só o canal que representa a maior parte do crescimento, mas também porque permite testar vários mercados com um nível de risco significativamente inferior, e é exatamente isso que estamos a fazer neste programa.

Ao longo das semanas, serão analisados diversos mercados ao nível da procura, concorrência, logística, meios de pagamentos e outras questões operacionais. O objetivo é que cada uma das empresas escolha quais os mercados em que quer entrar e chegue ao final das 10 semanas com vendas em, pelo menos, um mercado novo.

Na comunicação deste programa referem que foram selecionadas sete retalhistas portugueses – Continente, Dott, Hôma, Lion of Porches, Mr. Blue, PCDIGA e Zippy. O programa funciona por seleção da Google ou por candidatura, inscrição/registo? Afinal, é um programa aberto?

Identificámos retalhistas locais com propostas de valor fortes e equipas ágeis que pudessem testar e adaptar rapidamente o seu comportamento durante o período de 10 semanas do programa de modo a aproveitarem ao máximo estas sessões. Estamos sempre a encontrar formas de apoiar todas as empresas. É a primeira vez que lançamos um programa de exportação e estamos contentes que estas empresas tenham manifestado interesse em participar.

Porque selecionaram estes sete retalhistas?

A seleção foi feito com base na sua proposta de valor e agilidade.

A atual crise e esta transformação digital “quase forçada” dos operadores de retalho, é uma vantagem para este programa?

Como mencionei, a internacionalização é crítica para o crescimento do setor, já era quando começamos a planear este programa no ano passado, e continua sendo no momento atual em que estamos. Exportar significa crescer o negócio, ser mais rentável, competitivo, inovador e resiliente.

Este programa é mais do que estar simplesmente online. É levar o negócio para fora das fronteiras físicas. Atualmente, já não chega estar online, é preciso internacionalizar a operação?

Os consumidores hoje não veem fronteiras. Eles querem um produto e um serviço que os satisfaça. Exportar amplia as oportunidades de negócios.

O setor do retalho caminha cada vez mais para um mundo de software e menos de hardware?

O consumidor busca produtos e serviços de qualidade e boas experiências de compra. Por vezes, isso acontece com uma compra online e outras numa visita a uma loja física. O facto de o e-commerce estar a ganhar cada vez mais espaço no dia a dia dos portugueses não significa que vai deixar de existir a compra física.

Com a duração de 10 semanas, o programa é constituído por oito sessões online com especialistas da Google em diversas áreas. Que capacitações adquire quem frequentar este programa e como vai estar mais bem preparado para as exigências de mercado?

Este programa será composto por sessões virtuais de dia inteiro com especialistas da Google em várias áreas relevantes para levar uma empresa comercial a novos mercados, workshops, sessões com convidados externos e de mentoring 1:1. Durante as sessões, serão abordados temas como operações (pagamento, localização, logística e serviço de apoio ao cliente), medição e análise, experiência do utilizador, além de insights de mercado.

A questão da diferenciação

O facto de, hoje, o consumidor não ver, sentir e medir fronteiras no que diz respeito à aquisição de produtos e artigos, faz com que a linguagem tenha de ser global?

As empresas têm de compreender o comportamento do consumidor e cada mercado onde está presente, adaptar-se aos países onde se deseja entrar ou escolher os mercados que tenham o mesmo fit. Além disso, a concorrência e os benchmarks são hoje globais, ou seja, os consumidores assumem como standard as experiências digitais que os melhores players lhes oferecem e exigem assim a mesma qualidade a todos os outros.

Mas assim, perde-se, de certa forma, a diferenciação, o local, a especialidade e passa-se a ser mais algo que está na Internet? Ou não?

Não creio. Se, por um lado, o conteúdo (sejam produtos ou serviços) vai continuar sempre a ser um elemento diferenciador (qualidade, preço, diversidade, etc.), por outro lado, o espaço para inovar continuará sempre a existir e as marcas também poderão continuar a diferenciar-se por esta via: na capacidade de continuarem a oferecer experiências inovadoras aos seus clientes.

Como é que se consegue mostrar essa diferenciação ao consumidor que está, cada vez, mais exigente e procura uma experiência de compra diferenciadora?

Alguns pontos básicos não mudam: ter um bom website, que seja rápido, que facilite a compra, que funcione bem tanto no desktop como no telemóvel. É preciso garantir uma boa experiência e alinhar as ferramentas de marketing que vão ajudar a encontrar esses consumidores no momento em que estão a procurar inspiração ou à procura de um novo produto.

Depois de concluído este programa, existe um acompanhamento posterior por parte da Google ou depois de terminado, deixa de haver qualquer vínculo entre ambas as partes?

O programa termina no fim das dez semanas e acreditamos que no final as empresas estarão prontas para aplicar o que aprenderem ao longo das 10 semanas. De qualquer maneira, na Google estamos sempre à procura maneiras de apoiar os negócios (independentemente da dimensão) e mantemos, por isso, um diálogo constante com as empresas do mercado.

O facto de participar neste programa da Google significa que, quem participa, terá de partilhar as restantes soluções/ferramentas da Google? 

Não, quem participa não terá de utilizar as ferramentas da Google. Obviamente, acreditamos no poder de nossas ferramentas e em como podem ajudar as empresas a fazer crescer os seus negócios, mas não existe qualquer compromisso nesse sentido. Na realidade, o nosso principal objetivo é que essas empresas cresçam o seu negócio internacionalmente e com o máximo sucesso possível. Se isso acontecer, estamos certos que nós também teremos sucesso.

Terminada esta fase do programa, quais os objetivos a que se propõe atingir ou que considerem satisfatórios serem atingidos?

Na Google Portugal queremos ser um facilitador do crescimento internacional das empresas portuguesas. Neste sentido, este programa é apenas mais uma das ferramentas para atingir esse fim. Além de ajuda aos participantes, também queremos demonstrar ao restante ecossistema português que os mercados internacionais estão ao alcance de todos. O nosso objetivo é que o setor do retalho partilhe a nossa visão de que as empresas portuguesas têm as qualidades necessárias para competir internacionalmente e de igual para igual.

*Artigo originalmente publicado na edição de junho da DISTRIBUIÇÃO HOJE

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