Lá fora o seu consumo até pode estar mais generalizado. Mas Portugal tem um forte potencial de crescimento nesta categoria de bebidas. Consultoras e players são unânimes na perceção de que este é um mercado em franco crescimento.
A categoria de sidras continua em franca expansão no mercado das bebidas. E apesar de em outros países o seu consumo estar bastante mais generalizado, em Portugal já é considerada pelos consumidores como uma alternativa de bebida.
Mas vamos a números: segundo a consultora Nielsen, em 19% dos lares portugueses foi comprada sidra o ano passado. E não apenas uma vez, mas sim três vezes. Hoje, este mercado, ainda segundo esta consultora, vale qualquer coisa como 13,1 milhões de euros, o que equivale a 4,5 milhões de litros de sidra.
Inês Gomes, client consultant senior da Nielsen Portugal, avançou à Distribuição Hoje que a bebida, neste último ano, manteve-se no top 3 das categorias FMCG (do inglês fast-moving consumer goods) que mais crescem, tendo praticamente duplicado a sua faturação nos últimos dois anos. “E certamente continuará a crescer – ainda existem pontos de venda e shoppers a conquistar e o desenvolvimento da categoria prossegue com o lançamento de novos sabores”.
A consultora sénior diz ainda que as sidras também se apresentam como uma proposta de valor pois o seu preço médio é cerca do dobro das cervejas e mais de quatro vezes superior ao dos refrigerantes com gás.
Mas vamos dar uma “voltinha” ao mercado para perceber o que dizem os principais protagonistas neste sector.
Sidra todo o ano
Da Unicer chega-nos a marca Somersby. E Maria Estarreja, que dirige esta categoria de produtos na empresa nortenha, admite que a recetividade do consumidor português à Somersby é extremamente positiva desde o primeiro momento. “Em Portugal, a categoria das sidras nasceu praticamente com o lançamento da nossa marca, em 2011 e, desde essa altura, temos registado uma evolução sustentada, tendo reforçado relevância nos diferentes canais de comercialização”. Aliás, Maria Estarreja não tem qualquer dúvida ao dizer que é através da Somersby que o mercado português tem ganho escala. “E a preferência que o consumidor nos atribui assegura-nos a posição de liderança nas sidras em Portugal”.
E apesar do consumo deste produto ser ainda feito maioritariamente no verão ou em momento de maior calor, Maria Estarreja avança que a Unicer está a trabalhar para diversificar a outros momentos e ocasiões. “Os dados mostram o sucesso de Somersby, que o consumidor aprecia e cujo consumo pode ser alargado a todo o ano”.
Hoje, a Somersby conta com três sabores no mercado português. Somersby Maçã, a original, Somersby Blackberry e Somersby Citrus, em garrafa de 33 cl.
Já este ano, a marca reforçou o portefólio com o lançamento da garrafa de 20 cl com abertura fácil. “Um formato exclusivo da marca para Portugal”, disse a responsável à Distribuição Hoje. Para apresentação desta nova referência, no verão, a empresa introduziu também no mercado uma caixa de 15 garrafas, “cuja pega para transporte alia a funcionalidade ao design moderno. É uma caixa única e uma inovação no sector das bebidas em Portugal”, afiançou Maria Estarreja.
Neste momento, a Unicer está focada no atual portefólio, pois mais do que disponibilizar novos sabores, a estratégia parece passar por gerar mais dinâmica à marca, através de ativações diferenciadoras e com um propósito: “Iremos gerar mais experimentação das combinações existentes, contribuindo para impulsionar ainda mais o crescimento e os bons resultados de Somersby, a sidra que dá nome à categoria em Portugal”.
Urge comunicar a essência da sidra
A Central de Cervejas corrobora a opinião da Unicer no sentido de que as Sidras têm vindo a conquistar um papel importante e com grande potencial de crescimento no mercado nacional. O principal desafio, diz fonte oficial da empresa, é clarificar e sensibilizar os consumidores para o produto em si. “É fundamental que se comunique a origem natural da sidra – uma bebida alcoólica produzida com base em sumo de maçã – mas também a sua essência”. A Central de Cervejas não tem qualquer dúvida de que a sidra surge como uma excelente alternativa para quem prefere bebidas mais adocicadas, sendo essa também uma mensagem importante a passar. “Tudo isto, inserido num tom de comunicação divertido, disruptivo e original”.
Atualmente, o portfólio de sidras da Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, conta com três marcas. A Old Mout é uma marca com sabores muito inusitados como Kiwi & Lima num posicionamento premium. Já a Strongbow, que a empresa reclama ser líder mundial, traz consigo uma causa – trazer a natureza para a cidade – já que pretende reforçar a origem natural dos ingredientes da sidra. Existe nos sabores maçã e frutos vermelhos. Por último, a Bandida do Pomar, o mais recente lançamento com um posicionamento jovem, irreverente e diferenciador.
O público-alvo para as sidras é muito variado. Mas, diz a Central de Cervejas, que à semelhança de outras categorias de bebidas alcoólicas, continua a ser mais consumida por homens. No entanto, explicitam que, por comparação com cerveja, tem uma penetração mais elevada no público feminino por ser uma bebida mais doce. “É uma categoria muito apelativa aos mais jovens (18-30 anos) mas ainda assim com uma grande aceitação nos escalões etários mais velhos. Importa referir que, no mercado das sidras, o consumo fora de casa tem um peso muito relevante”.
Vadia estreia-se nas sidras
A cerveja Vadia lançou este verão a sua primeira sidra. Obviamente, Vadia. Samuel Oliveira, do departamento de comunicação explicou à Distribuição Hoje que sendo pioneira na produção de cerveja artesanal em Portugal, a Cerveja Vadia destaca-se por uma oferta de produtos diversificados, inovadores e com um nível de aceitação extremamente elevado. “Na continuidade desta estratégia apercebemo-nos que poderíamos desenvolver um produto que viria a satisfazer um verdadeiro nicho de mercado no qual as marcas portuguesas não têm uma forte presença. Assim criamos um produto único, para um consumidor que procura uma bebida mais doce, refrescante e que, pelas suas qualidades aromáticas, harmoniza com pratos e tipos de cozinha mais delicados”.
A filosofia por trás do produto baseia-se em garantir a autenticidade, naturalidade e qualidade de todo o processo, desde a matéria-prima até ao produto final. “Um dos aspetos essenciais foi a utilização de maçã 100% portuguesa. A componente de I&D esteve presente, tendo o produto sido desenvolvido em parceria com a Universidade de Aveiro”.
Samuel Oliveira acrescentou ainda que o objetivo era a criação de uma sidra que satisfizesse o consumidor que procura uma bebida adocicada e refrescante ou uma alternativa de bebida para harmonizações com determinados pratos em que nem a cerveja e nem o vinho o fazem de forma perfeita. “O resultado foi a produção de uma sidra com uma doçura moderada e equilibrada com o aroma da maçã e uma ligeira acidez, tornando-se muito refrescante. Uma sidra ímpar que se distingue das restantes sidras atualmente presentes no mercado português que são bastante mais doces, e diferenciando-se também das sidras tradicionais das Astúrias, muito ácidas e vínicas”.
E o objetivo, pelo que nos contou o comunicador, foi alcançado. Tanto assim que, apesar de ainda muito recente no mercado, as expectativas há estarem a ser ultrapassadas. “No momento em que informamos os nossos clientes que tínhamos começado a produção de uma sidra, a procura foi exponencial durante todo o verão. Neste ponto, a já reconhecida qualidade da Cerveja Vadia impulsionou imenso a força de vendas deste produto. Também o facto de o mercado da sidra estar a ser dinamizado pelos grandes nomes da indústria coadjuvou bastante. O o produto sidra já é muito divulgado em todos os canais de comunicação e o consumidor já está familiarizado com ele”.
A comunicação da marca está a ser feita sobretudo através da presença em eventos, inicialmente de forma a avaliar a recetividade e impacto da Sidra Vadia, e na comunicação B2B. “Tivemos algumas ações de promoção e divulgação nas grandes superfícies e investimos principalmente em marketing digital. Estamos neste momento a trabalhar na segunda fase deste projeto”.
Quanto a mais novidades… “estamos a planear o lançamento de novidades muito brevemente”.