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Sustentabilidade

Portugueses rumo ao consumo sustentável? Eis o panorama atual

Portugueses rumo ao consumo sustentável? Eis o panorama atual

A alteração dos hábitos de consumo está cada vez mais vincada, com a sustentabilidade a marcar a ordem do dia. São já vários os estudos que confirmam que os portugueses estão a alterar ou pretendem modificar os seus comportamentos rumo à sustentabilidade.

Compra em segunda mão

A compra de produtos em segunda mão é uma das estratégias, com 57% dos jovens portugueses (entre os 18 e os 34 anos) a afirmarem estar disponíveis para a obtenção deste tipo de produtos. Os dados são revelados por um estudo desenvolvido pela empresa Koos Service Design para a Wallapop, que abrange 1100 jovens de Portugal, Espanha e Itália.

 

Segundo este estudo, para os inquiridos portugueses, a razão mais importante para fazerem compras em segunda mão está relacionada com a poupança (28,7% de todas as respostas). Este valor é mais alto do que os dados recolhidos relativamente a Espanha (17,1%) ou Itália (17,8%).

Quando se fala em compra de artigos em segunda mão, é ainda destacado um receio entre os compradores que o produto não corresponda às expetativas. Para os portugueses, esse foi considerado o maior obstáculo (16,2% de todas as respostas). Este é um valor semelhante ao apresentado em Itália (16,9%), mas acima de Espanha (9,5%).

 

Já no que diz respeito à sustentabilidade, os portugueses também assumem que gostavam de ter um papel mais ativo. Com 42% de todas as respostas, o facto de serem mais caros é a principal razão apontada para os portugueses não comprarem mais produtos sustentáveis. Um valor bastante superior quando comparado com a Espanha (25%) e a Itália (31%).

A compra de produtos sustentáveis

 

O estudo Observador Cetelem Consumo Sustentável 2022 tem revelado vários insights sobre o comportamento dos portugueses a este nível. Quase metade (46%) dos portugueses estão dispostos a tornar as suas compras diárias mais sustentáveis. São os inquiridos dos 18 aos 44 anos os que estão mais dispostos a tornar as suas compras diárias mais sustentáveis (média de 51%), assim como os residentes nas Áreas Metropolitanas do Porto (54%) e de Lisboa (50%).

Já 31% dos entrevistados dão mais prioridade à sustentabilidade na compra de grandes e pequenos eletrodomésticos.

 

Relativamente à priorização da sustentabilidade no que toca à mobilidade, por exemplo, através da escolha de veículos elétricos ou híbridos, 22% dos portugueses inquiridos dizem fazê-lo, principalmente, os mais novos (28%). Os inquiridos dos 65 aos 74 anos admitem que a sustentabilidade não é, de todo, uma prioridade para eles nesta categoria (68%).

Já 21% dos portugueses dão prioridade à sustentabilidade nos investimentos a longo-prazo, como remodelações, colocação de painéis solares, entre outros, observando-se uma diferença significativa entre as opiniões dos inquiridos que residem na zona do Porto (39%) e aqueles que residem na zona de Lisboa (7%).

Principais barreiras para o consumo sustentável

O estudo revela que a grande barreira à compra de produtos sustentáveis é o preço. É unânime em todas as categorias – na mobilidade (67%), nos grandes e pequenos eletrodomésticos (66%), nos investimentos a longo prazo (65%) e nas despesas diárias e de mercearia (62%).

Contudo, por exemplo, em produtos sustentáveis mais dispendiosos, o possível retorno futuro que estes possam ter é o principal motivador de compra deste tipo de produtos (42%).

Já 29% dos inquiridos indicam que o seu principal motivador de compra de produtos ambientalmente mais sustentáveis é o facto de o produto ser um investimento a longo prazo e 21% mencionam o facto de poderem ter apoio financeiro para a sua aquisição.

A experiência de compra positiva

O mesmo estudo* aponta que 43% dos consumidores portugueses concordam que a experiência de compra é mais positiva quando lhes apresentam alternativas sustentáveis.

No entanto, admitem dificuldades na escolha, com mais de metade dos inquiridos (54%) a pedirem mais recomendações sobre os produtos. Já 35% dos entrevistados revela que aquando da compra de um desse tipo de produtos, optam por comparar mais os preços.

Para tornar a escolha e compra de bens sustentáveis mais simples, os inquiridos indicam que as marcas e os comerciantes poderiam ter serviços de aconselhamento (42%), comparadores de produtos neste domínio (32%), oferecer mais informação sobre aspetos ambientais dos produtos (27%), diferenciar os produtos com selos de entidades reconhecidas (20%), divulgar mais a gama de produtos sustentáveis (19%) ou diversificar a oferta (19%).

Os conselhos de entidades especializadas (51%) são as recomendações sobre este tipo de produtos que os portugueses mais valorizam.

Os consumidores valorizam as marcas com práticas sustentáveis. Segundo o estudo, no momento da compra, 43% dos consumidores entrevistados admitiram que já fizeram compras de produtos sustentáveis apenas por confiarem na marca. Já 17%, pelo contrário, já renunciou a uma compra sustentável porque não tinha confiança suficiente nessa insígnia.

39% dos entrevistados confiam nos selos e certificações ambientais, sendo os inquiridos, dos 18 aos 34 anos, aqueles que demonstram ter mais confiança nos mesmos (45,5% em média).

Além de considerarem importante que o selo de certificação (34%) conste no produto, os inquiridos consideram ser igualmente relevante constar a informação sobre materiais (23%) e a indicação da sua durabilidade (15%).

Os hábitos alimentares

Não é só na compra de bens não alimentares, que o consumo se tem tornado mais sustentável. O Marine Stewardship Council (MSC), organização não governamental sem fins lucrativos e responsável pelo selo de pesca sustentável, revelou que os consumidores (97%) estão preocupados com os oceanos e divididos no que toca ao futuro ser positivo ou negativo, mas sentem-se cada vez mais capacitados (73%) para fazer mudanças através das suas escolhas de produtos do mar.

A nível mundial, quase metade (44%) das pessoas que afirmaram ter mudado a sua alimentação nos últimos dois anos o fizeram por diferentes razões ambientais, entre elas, comer alimentos de fontes mais sustentáveis (23%), reduzir o impacto das alterações climáticas (20%) e proteger os oceanos (12%).

O estudo realizado pela consultora independente GlobeScan, em 23 países, envolveu mais de 25 mil consumidores.

 

*Metodologia: O inquérito quantitativo Observador Cetelem Consumo Sustentável foi realizado pela empresa de estudos de mercado NielsenIQ. Este teve como target indivíduos de ambos os géneros, de idades compreendidas entre os 18 e os 74 anos, residentes em Portugal Continental. O estudo foi conduzido através de entrevistas telefónicas assistidas por Computador (CATI). No total foram feitas 1000 entrevistas representativas da população – amostra estratificada por Distrito; Género e Idade, para assegurar a representatividade da população portuguesa. O erro máximo associado é de +/- 3.1 p.p. para um intervalo de confiança de 95%.

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