Pão, mel, compotas, enchidos, enlatados, vinhos, bolos, queijos e bolachas são alguns dos produtos que invadem as prateleiras de madeira da Mercearia das Flores. Tudo neste espaço faz lembrar as tradicionais mercearias de bairro. A decoração suave, a predominância de prateleiras em madeira, os produtos regionais.
Visitamos o espaço, que se localiza na Rua das Flores, de manhã e o cheiro a bolos acabados de fazer envolvia a Mercearia que nasceu em fevereiro de 2012 pelas mãos de uma economista e de uma bióloga.
Joana Oliveira e Joana Osswald trabalhavam na altura nas suas áreas, mas procuravam um novo desafio e alguma estabilidade. Surge assim a hipótese de criarem um projeto juntas. “Na altura gostaríamos de criar uma loja que fosse de certa forma um expositor de produtos nacionais, não tinham de ser tradicionais mas inovadores e criados em Portugal e com qualidade e como achamos a parte da prova importante, tínhamos de associar algumas mesas”, começou por contar Joana Osswald. Nasce assim a Mercearia das Flores, um local onde o consumidor pode provar os mais diversos produtos que se encontram à venda. O objetivo era mesmo este: as pessoas podem-se sentar e degustar o que há à venda. Aqui chega o bolo de figo do Algarve, o pão do Alentejo, a broa de Avintes, o mel do Alvão, o pão-de-ló de Ovar, por exemplo. Neste espaço que convida a entrar, o objetivo é o cliente escolher da prateleira e provar logo à mesa. Mas também pode optar por escolher no Menu, onde os pratos já estão definidos.
Não menos importante é o local onde podemos encontrar esta Mercearia. Joana esclarece que na altura que iniciaram o projeto já se constava que seria feito um forte investimento na baixa do Porto. “A Câmara do Porto dispõe de um gabinete de projetos na rua das flores que dava apoio na elaboração do projeto. Assim comecemos a redigir o Plano de Negócios e começou a concretizar-se”, explicou.
Na altura, as empreendedoras sabiam que queriam um sítio na baixa: “Vimos muitos sítios desde a Praça da República à Ribeira, mas esta lojinha que estava devoluta, tinha um chão bonito, era ampla e a zona era favorável”.
Na altura, a rua ainda não era pedonal e os clientes eram pessoas que moravam na baixa e alguns estrangeiros. “Tivemos a sorte de alguns estrangeiros que escrevem para revistas, virem, conhecerem a loja e divulgarem-na lá fora. Sempre com óptimas críticas. Fomos crescendo. Entretanto o Porto também foi crescendo, a rua tornou-se pedonal e foi um boom muito bom”, contou a porta-voz. Acrescentando que, neste momento, os clientes são maioritariamente estrangeiros.
Produtores? Somente nacionais!
Quanto aos produtores são todos nacionais. “Fomos a algumas feiras, fomos provando e selecionando os produtos. Foi algo impulsivo, espontâneo e pessoal. Na parte dos azeites a Joana já conhecia muita coisa, a parte das conservas conhecia eu. Fomos acrescentando produtos. Nesta fase, temos fornecedores que vêem ter connosco com projetos interessantes e que querem colocar cá os seus produtos. Infelizmente não temos uma loja muito grande e estamos limitadas ao espaço. Mas trabalhamos quase sempre diretamente com os fornecedores”, disse.
Segundo Joana Osswald, “Portugal tem feito um esforço grande na divulgação lá fora dos seus produtos, quer através da internet, quer no mercado da saudade e por outro lado a apetência para coisas novas também aumentou. As pessoas gostam de saber de onde vem o produto e como é elaborado. Isso ajudou muito os produtores. Acho que é uma forma mais sustentável de viver”.
Se no início eram só as duas Joanas, neste momento a equipa aumentou. Para o futuro está ainda previsto a criação de uma loja on-line, “porque temos muitos visitantes que gostariam de comprar quando regressam aos países. Depois de nos conhecerem é mais fácil e confiante fazerem uma compra à distância”, referiu a empresária.
Artigo publicado na edição de dezembro/janeiro 2017 da revista DISTRIBUIÇÃO HOJE