É uma das marcas mais conceituadas no mundo do calçado – e não só – e tem levado o luxo português aos quatro cantos do mundo. Em entrevista exclusiva à DISTRIBUIÇÃO HOJE, Luís Onofre, CEO da Luis Onofre, admite que, “por mais confortável que seja a experiência de compra no online, não substitui da mesma forma esse elemento emocional”.
Criada em 1999, a marca Luis Onofre é incontornável quando se fala de sapatos e marroquinaria de luxo. Hoje, as criações de Luis Onofre estão espalhadas pelo mundo, desde Espanha, França, Itália, Holanda, Rússia, EUA, Angola ou América do Sul, e calçam nomes como Letizia Ortiz, Michelle Obama, Naomi Watts ou Paris Hilton.
Como se caracteriza a atividade da Luis Onofre em Portugal, a nível de resultados, perspetivas de crescimento e expansão de lojas, comparativamente a outros mercados europeus?
O volume de negócios realizado em Portugal tem crescido nos últimos anos, mas a exportação para os mercados internacionais ainda representa a maior parte do volume de negócios da marca.
Em termos de crescimento, pretendemos reforçar a associação com representantes internacionais em novos mercados (China e EUA são prioritários), estamos a estudar a abertura de uma loja em nome próprio na Europa e a apostar no reforço do nosso e-commerce, com a integração da compra a partir do contacto via redes sociais.
Que peso tem o e-commerce nas vossas vendas em Portugal, por comparação com o resultado das lojas físicas? O cliente das marcas de luxo prefere comprar em loja, de modo a beneficiar de atendimento presencial?
Ainda que tenhamos sentido um crescimento contínuo em volume de venda desde o lançamento da nossa loja online em 2016, é certo que o nosso cliente ainda privilegia a visita à loja. As emoções que a experiência de loja desperta ainda são muito importantes no ato de compra. O impacto de um sapato ou carteira Luis Onofre ao vivo é sempre superlativo. Por mais confortável que seja a experiência de compra no online, não substitui da mesma forma esse elemento emocional.
Que tipo de experiência proporcionam aos vossos clientes? De que modo se diferenciam através de um atendimento presencial personalizado?
Privilegiamos uma grande proximidade com os nossos clientes, sobretudo a partir dos nossos pontos de venda em nome próprio. A loja da Avenida da Liberdade, em Lisboa, abriu em 2014 e a da Avenida da Boavista, no Porto, em 2017, e em ambos os locais conhecemos muitos dos clientes pelo nome, sabemos as suas preferências e estamos em permanente contacto por forma a aprofundar a relação.
Temos também alguns serviços de personalização que permitem ao cliente adaptar alguns dos nossos modelos a uma ocasião especial. Para a Luis Onofre cada cliente é especial e merece, por isso, um atendimento personalizado.
Como se caracteriza o vosso cliente-tipo, no que respeita a nacionalidade, preferências e motivação para comprar? Sendo os clientes internacionais com elevado nível económico (chineses, angolanos, etc.) um target primordial nas marcas de luxo em Portugal, quais serão os motivos para que estes clientes, que viajam por todo o mundo, venham fazer compras nas marcas de luxo em Lisboa e noutras cidades portuguesas?
Os clientes internacionais são algo sazonais, sobretudo na nossa loja de Lisboa, que tem um perfil mais turístico. Se ainda temos muitos asiáticos, hoje os angolanos foram substituídos por brasileiros, norte-americanos ou alemães.
Pensamos que a motivação de compra é transversal e se relaciona diretamente com a qualidade e beleza do produto. Recebemos muitos clientes a partir de recomendações externas, porque procuram uma marca de calçado nacional de referência, e outros que descobrem a marca durante a sua visita.
Como classificaria a atratividade do mercado português no que respeita a marcas de luxo? Que reputação têm hoje Lisboa, e a Avenida da Liberdade, em concreto, a este nível?
O mercado de luxo português tem crescido nos últimos anos, porque temos mais marcas a desenvolver esse posicionamento. Mas ainda assim penso que o próprio conceito de luxo hoje integra outros valores, associados a simplicidade e até felicidade. Marcas com uma produção local baseada em materiais sustentáveis podem ter um posicionamento luxuoso, na medida em que este também transmite valores essenciais.
ARTIGO PUBLICADO NA EDIÇÃO DE JUNHO DE 2019 DA DISTRIBUIÇÃO HOJE