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Consumo vai muito além do preço

Consumo vai muito além do preço
Quais os principais drivers do consumo em Portugal? Quais serão as principais tendências de consumo no futuro? Para onde caminha o consumidor? Quais as principais diferenças entre os seniores e os tão falados Millennials? Para responder a estas questões, a Nielsen realizou esta terça-feira (9 de maio) uma conferência de imprensa em que revelou que nos últimos anos se têm registado enormes mudanças, mas que os que se avizinham serão marcados por tendências que começamos já a observar.

De acordo com Ana Paula Barbosa, Retailer Services Director da Nielsen, “o preço é um fator importante e vai ser sempre”, contudo, no processo de decisão de compra “é muito raro” que este seja o único atributo considerado.

Os dados apresentados esta semana revelam, aliás, que 88% dos portugueses estão dispostos a pagar mais por produtos com preço premium se esses produtos tiverem funções ou desempenhos superiores. Para além disso, ficamos a saber que 58% dos consumidores consideram pagar mais por produtos sustentáveis e 66% afirmam pagar mais se os produtos não tiverem na sua composição ingredientes indesejáveis. Importa ainda referir que uma grande fatia dos consumidores nacionais (70%) privilegia a origem local na compra de hortofrutícolas e carne.

Em 2016, os preços baixos surgiam em terceiro lugar no ranking dos atributos mais importantes na tomada de decisão de compra, antes ainda das promoções, que apareciam em sétimo lugar. Em 2017, as promoções voltam a atingir valores mais altos e 45% das vendas são feitas em promoção. De acordo com a Nielsen, importa explicar que “essa relevância do fator preço deve-se em grande parte à guerra de promoções a que temos assistido nos últimos anos, e de que é hoje difícil sair. Assim, há que entender que outros fatores poderão fazer a diferença no momento da compra, para além do preço.”

Consumo vai voltar-se para o saudável e para a conveniência

“É importante compreender que, apesar de o consumidor português procurar preços baixos, existem outras variáveis que serão valorizadas e nas quais os retalhistas e as marcas devem apostar. O consumidor atual mostra novos interesses e está disposto a pagar mais para os satisfazer”, explica Ana Paula Barbosa, Retailer Services Directorna Nielsen.

Como explica a responsável da Nielsen, uma das maiores tendências a ter em conta tem a ver com a alteração dos hábitos de consumo dos portugueses, que privilegiam cada vez mais os produtos saudáveis, por um lado devido ao envelhecimento populacional e a um crescimento das doenças crónicas, por outro pelo crescente interesse por produtos funcionais, que resulta também do facto de o consumidor ser cada vez mais informado.

Assim, segundo a Nielsen, verificamos uma crescente procura de produtos relacionados com a saúde, como é o caso dos iogurtes biológicos (+136%), do mueslie da granola (+84%) ou dos cereais diet (+72%).

Para além disso, refere a empresa, “um maior poder de compra associado a um ritmo de vida mais intenso resultaram também numa maior procura de categorias de conveniência, como é o caso dos frutos congelados (+30%), dos componentes refrigerados (+19%), do take away (+18%) e do bacalhau congelado (+16% com uma quebra de -14% no bacalhau seco).”

Lojas serão cada vez mais pequenas

Esta procura por maior conveniência está também a refletir-se nos formatos de loja mais procurados. Temos assistido nos últimos anos a um crescimento nos conceitos de proximidade, mas essa tendência veio para ficar. “Os pequenos formatos são aqueles que crescem a um ritmo mais elevado e as lojas online (com apenas 8% de penetração em Portugal) têm ainda espaço para crescer apesar de se encontrarem a uma distância significativa de países como Espanha (13%), França (35%) ou Reino Unido (49%). Na verdade, 35% dos consumidores portugueses tencionam vir a usar um supermercado virtual no futuro”, refere.

“O shopper está cada vez mais conectado e menos paciente e, para 2017, o desafio é fidelizá-lo. É importante inovar nas promoções e, acima de tudo, segmentar e personalizar a oferta, apresentando diferentes soluções para distintos targets”, explica Ana Paula Barbosa.

Segmentar as ofertas é o segredo para atrair Millennials e Seniores

Os dados apresentados esta terça-feira pela Nielsen indicam também que existem dois grandes grupos de consumidor a manter debaixo de olho. Falamos dos Seniores e dos Millennials, dois grupos distintos que merecem abordagem diferentes, de acordo com a empresa.

“Os consumidores seniores destacam-se por uma maior frequência de compra enquanto os Millennials, embora com menor frequência, apresentam um maior gasto por ocasião de compra (21,1€ vs 17,1€). Também relativamente às promoções estes target ssão distintos: são os Millennials aquelesque mais compram em promoção, comparando com os seniores”, refere o estudo.

No que diz respeito às categorias, importa referir que enquanto os Millennials procuram essencialmente produtos de mercearia, lácteos e higiene, os seniores dão especial importância aos produtos frescos.

Para onde vai, afinal, o consumidor?

“A resposta é simples. O consumidor português procura, não só o preço, mas sim o melhor equilíbrio entre o preço, a oferta e a conveniência, tornando-se essencial um equilíbrio entre estas três variáveis que vá ao encontro das reais tendências de consumo e daquilo que o shopper procura e necessita”, conclui Ana Paula Barbosa.

 

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