O estatuto socioeconómico continua a ter influência ao nível da preocupação e da perceção dos portugueses face aos problemas ecológicos e de sustentabilidade. A conclusão é do primeiro Observatório do Consumo Consciente do Fórum do Consumo, apresentado hoje (23 de novembro) na Alimentária & Horexpo Lisboa.
O estudo foi desenvolvido em conjunto com a GfK, a Universidade Lusófona e o IADE e revela que os indivíduos de classes sociais mais altas estão dispostos a pagar por produtos de menor impacto ambiental e a consumir comida biológica. Contudo, possuem atitudes contraditórias face à utilização contínua do automóvel em detrimento dos transportes públicos ou face ao consumo de água engarrafada.
O Observatório do Consumo Consciente entrevistou um total de 1261 pessoas e revela que “os portugueses têm uma preocupação ambiental que segue em linha com os níveis internacionais, segundo o Greendex 2104, acima de outros países europeus mais ricos como França, Alemanha, Grã-Bretanha, bem como os EUA. Esta preocupação encontra-se a níveis semelhantes à de países emergentes como é o caso do Brasil.”
A nível da atividade cívica de índole social e ambiental, os portugueses “têm uma baixa atividade de apoio ativo a nível de atividades ambientais, com uma participação de meramente 2,8% dos inquiridos em ONG de índole ambiental ou apoiando atividades ou petições a favor de causas ambientais (2,1%) e somente 4,9% apoiou uma causa social.”
“Estes primeiros resultados são interessantes não pelos dados obtidos referente ao mercado nacional, mas sim do posicionamento e enquadramento das atitudes de consumo conscientes por parte dos portugueses quando comparados com outros países”, refere José António Rosseau, Presidente do Fórum do Consumo. “Sentimos que este é o primeiro passo para podermos ver como os portugueses vão alterar os seus hábitos de consumo e de ativismo social e ecológico, pois ainda existem algumas contradições muito grandes entre o conhecimento e a atividade real do consumidor português.”