A GfK Portugal revelou, na sua 27.ª conferência “GfK Tech Market Insights’23”, que os portugueses estão a comprar menos bens de informática de consumo por impulso. O retomar das atividades fora de casa, a subida dos preços das matérias-primas e da energia, a pressão nos custos de produção, a escassez de chips e o encerramento de portos, bem como o maior número de pessoas deslocadas e o máximo histórico de inflação atingido foram alguns dos fatores detetados.
Segundo explicado em comunicado, a compra de bens de informática de consumo diminuiu 8% face ao período homólogo. Nesta área, 51% das compras foram para a substituição de aparelhos estragados, 26% para um upgrade de um equipamento funcional, 10% de um primeiro produto e 13% na compra de um produto adicional.
Simultaneamente, os consumidores estão a optar mais por produtos premium, aumentando o valor da compra. Assim, 47% dos participantes no estudo prefere ter menor quantidade, mas bens com qualidade superior.
A aquisição de bens eletrónicos de consumo e de fotografia aumentou 1% face a 2021 e as telecomunicações 5%, gerando uma receita de 1060 milhões de euros em vendas. Nesta área, a compra de acessórios foi a que mais cresceu, 18%, atingindo os 154 milhões de euros. Também os wearables tiveram uma maior procura, mais 4%, com as vendas a atingir os 74 milhões de euros.
Os telemóveis, por outro lado, registaram um crescimento inferior de 3%, gerando 829 milhões de euros em vendas. O motivo pode atribuir-se à subida do preço destes equipamentos, que atingiu os 35% em cinco anos, um valor médio de 346 euros, em 2022.
Bens Tecnológicos de Consumo: mercado imune a crises?
A faturação global do mercado Business to Consumer (BTC) permaneceu num nível superior a 2019 e 2020, impulsionado por fortes aumentos de preços e efeitos cambiais.
Nos mercados em estudo, a promoção da Black Friday continuou a subir, embora de forma ligeira, depois dos fortes resultados de 2021.
Em Portugal, o mercado de Bens Tecnológicos de Consumo atingiu o valor mais alto de sempre, com uma faturação total de 3 336 mil milhões, mais 2,5% que no período homólogo. Foi na área das telecomunicações e dos eletrodomésticos que se registou o maior crescimento, tendo estes bens sido adquiridos sobretudo em lojas físicas.
Em termos globais, o mercado BTC, em 2023, depois do pico de vendas em 2021, encaminha-se para uma desaceleração da procura, sendo a tendência para estabilização, ainda que se possa ter algum crescimento em determinados meses do segundo semestre.
Apesar da evolução do mercado global se apresentar negativa em 2022 (-6%), a previsão é que este se situe entre os 0 e os 2%, em 2023. No caso de Portugal, estima-se uma estabilização dos valores de evolução, entre os 0 e os 3%, à semelhança do valor registado em 2022.
Qualidade premium ou preço acessível? A bipolaridade dos eletrodomésticos
O estudo da GfK analisou também a preferência entre os eletrodomésticos premium ou standard. As vendas de produtos de gama alta aumentaram e é nas fritadeiras que a diferença mais se acentua, com 57% dos consumidores a optarem por um produto de maior qualidade – air fryer.
A tomada de decisão de compra tem como fatores influenciadores a publicidade, sobretudo os folhetos dos retalhistas (24%), a comparação de preços online, que é mais usada em Portugal relativamente a outros países em análise (21% vs 15%), e as recomendações do staff em loja (6%). Já na hora de adquirir um produto, o que mais conta é o preço e/ou a promoção (69%), a disponibilidade de stock (35%) e a conveniência (28%).
Produtos com maior potencial de redução de consumo energético e impacto ambiental estão na base da escolha de produtos premium, sobretudo em grandes eletrodomésticos como máquinas de lavar roupa e frigoríficos.
No entanto, após a compra, 40% dos consumidores admite ter gasto mais do que o planeado, sendo os portugueses os que mais se destacam (42%).